23 de setembro de 2022

Aforismo IV

O problema é que assim de repente, no intervalo de um fim de uma tarde e início de noite, todos os sentimentos gentis e bons que eu nutria por ela deixaram de fazer o menor sentido. Isso diante de todas as últimas revelações e também por todas as últimas condutas confessas e fatos. Para os atentos, como nós, há em tudo uma ou mais lições. Aprendi que é assim, paixão, amor, afeições, apagam-se como chama de uma vela. Talvez seja Deus. Talvez  seja ele  que tem um ritmo demasiadamente acelerado e goste de atropelar a mediocridade e mesquinhez dos sentimentos humanos. Há uma crise enorme em cada uma das psiques, sendo que é dessa crise rítmica, corporal, dançante, que surge as compreesões daquilo que nós realmente somos: ruínas de um deus que dentro da gente insiste em não morrer, aquele que também evita que todos nós sejamos de fato humanos, no mais pleno sentido da palavra. Deus não é amor, é ódio, é tormento, tortura e medo. Essa é a condição divina e humana. A contradicão maior que há é aquela que existe entre um deus que não se conhece e a humanidade que não se deixa completar. Doçura é fachada, há dentro de cada um de nós um deus terrível, o importante é não despertá-lo. Alguém precisa dizer isso para ela e para o Sidarta Ribeiro. A "Revolução da Esperança" e "A Arte de Amar" de Eric Fromm, até puderam enganar bem por um tempo, mas no fim são igualmente leituras inúteis. Já "Eros e Civilização" é uma obra assertiva. Quando o "eu" voltar espero não esquecer jamais dessas cousas de hoje...Esquecendo-as, que eu faça um bom chá para reavivar tal memória.
 

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