20 de abril de 2015

FELIZ DIA DO ÍNDIO!!! A primeira expropriação de terras na região do Sul de Minas Gerais, foi a expropriação das terras indígenas

Os principais fatores históricos que levaram a fixação de pessoas e a ocupação do território que hoje pertencente ao município de Lavras-MG foram as descobertas de jazidas de ouro em Minas e o movimento conhecido como bandeirantismo. Pelo menos essa é a visão mais amplamente divulgada pela historiografia tradicional. Todavia, como muitos estudos já apontaram, antes da corrida do ouro em Minas nossa região não era desabitada. Viviam aqui segundo Vilela (2014) o povo Cataguá, ou Cataguases, um dos 73 povos indígenas identificados no território mineiro, e dentre eles talvez este fosse grupo que mais ofereceu resistência à conquista dos bandeirantes.  O predomínio de tais tribos era tão grande que primitivamente o território de Minas era conhecido como o “País dos Cataguás” e “Campos Gerais dos Cataguases”, denominações que só desapareceram depois de criada a Capitania de Minas, separada de São Paulo em 1720 (VILELA, 2007).  

Índios - Figura. Autor: Johann Moritz Rugendas. Fonte: [fi] Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ. Disponível no bando de ddos (imagens) do site www.dominiopublico.gov.br 


Silveira (2004, apud Vilela 2014, p. 47) revela que os Cataguases pertenciam ao grupo ou tapuia, e eram na sua maioria nômades ou seminômades não por vocação, mas por condições adversas do meio. A obra de Vilela (ob. cit. ) não expressa nada a este respeito, mas penso que o nomadismo, ou tendência ao nomadismo, deste povo permitiu que os “invasores” expulsassem os indígenas destas terras. O que o este autor afirma é que os bandeirantes com o apoio da nação Tremembé foram repelindo os indígenas Cataguá do Sul-Sapucaí e Rio Grande para o oeste de Minas, Rio das Mortes, Piumhi, Itapecerica e Abaeté, ao longo do século XVII.

Este episódio, ou sequencias de episódios, revela(m) que a fixação e fundação dos primeiros arraiais na região hoje denominada campos das vertentes e sul de minas se deu a partir de grandes expropriações de terras.  Ou seja a fixação de paulistas, portugueses, e de seus escravos ente os rios Sapucaí, Grande e das Mortes, como observa Vilela (2014) e Silveira (ob. cit, p.48) decorreu de uma vitória em guerra territorial. Lima (1968) relata que:

“o escriba real Bento Pereira Souza Coutinho escrevendo ao rei de Portugal em 1694, sobre a descrição dos caminhos percorridos pela expedição de Fernão Dias, mencionando sobre a colina dos ferozes Cataguases fora alcançada pela força das armas quando concluía a primeira etapa da destemida bandeira antes de fundar o arraial de Ibituruna próximo à cachoeira Afunilada do Rio Grande.

Vilela (2007) ressalta que relação desta luta com a história de Lavras provavelmente está ligada a denominação do ribeirão vermelho, entre a serra da Bocaína e as matas do Rio Grande, que entretanto, serviu de palco para o que certamente foi uma violenta batalha entre os bandeirantes e os índios, quando então o sangue derramado pelos corpos lançados nesse ribeirão, tingiram simbolicamente, suas águas de vermelho. No município de Ribeirão Vermelho encontram-se dois sítios arqueológicos pré-coloniais. Eles são legados que testemunham nosso triste passado!!!

Referências Bibliográficas
LIMA, J. de S. Lavras de Ouro e das Escolas. Tribuna de Lavras, 1968.
SILVEIRA, A. da. Ao longo da trilha: lembranças da infância de Minas. Belo Horizonte. Ed. do Autor, 2004.
VILELA, M. S. A formação Histórica dos Campos de Sant´ana das Lavras do Funil. Lavras: Ed. Indi, 2007, 449p.
VILELA, M. S. Minha Aldeia: a perola do Rio Grande. Lavras: Ed. Indi. 2014. 736p.

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