Os principais fatores históricos que levaram a fixação de
pessoas e a ocupação do território que hoje pertencente ao município de Lavras-MG
foram as descobertas de jazidas de ouro em Minas e o movimento conhecido como
bandeirantismo. Pelo menos essa é a visão mais amplamente divulgada pela
historiografia tradicional. Todavia, como muitos estudos já apontaram, antes da
corrida do ouro em Minas nossa região não era desabitada. Viviam aqui segundo
Vilela (2014) o povo Cataguá, ou Cataguases, um dos 73 povos indígenas identificados
no território mineiro, e dentre eles talvez este fosse grupo que mais ofereceu
resistência à conquista dos bandeirantes. O predomínio de tais tribos era tão grande
que primitivamente o território de Minas era conhecido como o “País dos
Cataguás” e “Campos Gerais dos Cataguases”, denominações que só desapareceram
depois de criada a Capitania de Minas, separada de São Paulo em 1720 (VILELA,
2007).
Índios - Figura. Autor: Johann Moritz Rugendas. Fonte: [fi] Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ. Disponível no bando de ddos (imagens) do site www.dominiopublico.gov.br
Silveira (2004, apud Vilela 2014, p. 47) revela que os
Cataguases pertenciam ao grupo iê ou tapuia, e eram na sua maioria nômades ou
seminômades não por vocação, mas por condições adversas do meio. A obra de
Vilela (ob. cit. ) não expressa nada a este respeito, mas penso que o nomadismo,
ou tendência ao nomadismo, deste povo permitiu que os “invasores” expulsassem os
indígenas destas terras. O que o este autor afirma é que os bandeirantes com o
apoio da nação Tremembé foram repelindo os indígenas Cataguá do Sul-Sapucaí e
Rio Grande para o oeste de Minas, Rio das Mortes, Piumhi, Itapecerica e Abaeté,
ao longo do século XVII.
Este episódio, ou sequencias de episódios, revela(m) que a
fixação e fundação dos primeiros arraiais na região hoje denominada campos das
vertentes e sul de minas se deu a partir de grandes expropriações de terras. Ou seja a fixação de paulistas, portugueses,
e de seus escravos ente os rios Sapucaí, Grande e das Mortes, como observa
Vilela (2014) e Silveira (ob. cit, p.48) decorreu de uma vitória em guerra territorial.
Lima (1968) relata que:
“o escriba real Bento Pereira
Souza Coutinho escrevendo ao rei de Portugal em 1694, sobre a descrição dos
caminhos percorridos pela expedição de Fernão Dias, mencionando sobre a colina
dos ferozes Cataguases fora alcançada pela força das armas quando concluía a
primeira etapa da destemida bandeira antes de fundar o arraial de Ibituruna
próximo à cachoeira Afunilada do Rio Grande.
Vilela (2007) ressalta que relação desta luta com a história
de Lavras provavelmente está ligada a denominação do ribeirão vermelho, entre
a serra da Bocaína e as matas do Rio Grande, que entretanto, serviu de palco
para o que certamente foi uma violenta batalha entre os bandeirantes e os
índios, quando então o sangue derramado pelos corpos lançados nesse ribeirão,
tingiram simbolicamente, suas águas de vermelho. No município de Ribeirão
Vermelho encontram-se dois sítios arqueológicos pré-coloniais. Eles são legados
que testemunham nosso triste passado!!!
Referências Bibliográficas
LIMA, J. de S. Lavras de Ouro e das Escolas. Tribuna de Lavras, 1968.
SILVEIRA, A. da. Ao
longo da trilha: lembranças da infância de Minas. Belo Horizonte. Ed. do
Autor, 2004.
VILELA, M. S. A
formação Histórica dos Campos de Sant´ana das Lavras do Funil. Lavras: Ed.
Indi, 2007, 449p.
VILELA, M. S. Minha
Aldeia: a perola do Rio Grande. Lavras: Ed. Indi. 2014. 736p.
Nenhum comentário:
Postar um comentário